terça-feira, 8 de setembro de 2009

Novos párocos tomaram posse na Sé de Faro, em Loulé e na matriz de Portimão

A Diocese do Algarve viveu no passado fim-de-semana de 5 e 6 de Setembro dois dias de particular significado com as tomadas de posse de novos párocos nas paróquias da Sé de Faro, de Loulé e da matriz de Portimão no contexto da celebração do Ano Sacerdotal, proclamado pelo Papa Bento XVI na comemoração dos 150 anos da morte do exemplar pároco São João Maria Vianney, cuja vivência se iniciou no passado dia 19 de Junho.

O Bispo do Algarve, que presidiu às três tomadas de posse, lembrou que “sempre que isto acontece na Igreja é celebrado com espírito de fé e comunhão, sendo sinal da maturidade da fé”. “Na Igreja não há despedidas”, pois “todos fazemos parte da mesma família”, frisou D. Manuel Quintas, lembrando que os ministros consagrados devem “estar disponíveis” para irem para onde Deus os mandar.

O Bispo diocesano salientou que “a tomada de posse de um pároco constitui sempre um momento privilegiado de centrarmos a nossa atenção sobre a vocação e missão do padre na Igreja e no sentido deste ministério ordenado nas comunidades cristãs”. Ao longo dos dois dias, D. Manuel Quintas apelou a uma maior consciência e ao crescimento no “apreço pelo ministério ordenado” na Igreja. “Como podíamos passar sem Eucaristia? Como podíamos passar sem celebrar o perdão de Deus?”, questionou em Loulé, ontem de manhã, na tomada de posse do padre António de Freitas como pároco ‘in solidum’ das duas paróquias daquela cidade, evidenciando duas das características exclusivas da missão do presbítero.

O Bispo do Algarve sublinhou que “a missão do padre é apontar para Cristo”. “É Ele o nosso libertador”, reforçou.

O Prelado afirmou-se feliz “porque ainda é possível” à Igreja algarvia dotar as suas comunidades de párocos. “Que bom seria que no futuro, nenhuma das nossas comunidades, deixasse de ter uma presença, o mais contínua possível, de sacerdotes que possam ser verdadeiramente sinais de Cristo no seu meio. Sabemos que talvez daqui a uns anos não seja tão fácil, mas é evidente que acreditamos firmemente e por isso rezamos pelas vocações e o Senhor tem respondido à nossa oração. É sinal que não devemos desistir e olhar para o futuro com sentido positivo”, complementou.

Na primeira e última tomadas de posse em o cónego José Pedro Martins e o padre Mário de Sousa se sucederam, trocando entre si a paroquialidade das paróquias que até agora lhes estavam confiadas, respectivamente a matriz de Portimão, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, e a Sé de Faro, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, D. Manuel Quintas exortou à acção de graças a Deus pelos seis anos em que ambos estiveram em cada uma das comunidades e apelou ao acolhimento dos novos párocos pelos paroquianos.

Ontem de manhã em Loulé, na igreja matriz, o Bispo diocesano explicou o sentido da designação que caracteriza a divisão da paroquialidade das duas comunidades de São Clemente e São Sebastião entre o padre Henrique Varela, há 21 anos naquela cidade, e o padre António de Freitas, agora chegado. “Párocos «in solidum» quer dizer que, sendo dois, é como se fossem um só”, resumiu D. Manuel, certo de que, “na vida destes dois sacerdotes aquilo que vai aparecer e transparecer é a comunhão na sua identificação com Cristo e no serviço a estas comunidades paroquiais”.

Pedindo apoio para o recém-ordenado padre António de Freitas, por ser este o seu primeiro serviço de pároco, o Bispo do Algarve testemunhou que o jovem sacerdote vem para Loulé “sem reservas ou condições”. “Vem com o coração aberto para vos servir com toda a generosidade e disponibilidade”, complementou.

As três tomadas de posse ficaram ainda marcadas por alguns momentos de particular emoção protagonizados pelas palavras dirigidas à assembleia pelos párocos novos e cessantes, acolhidas sempre com sentidos aplausos.

O padre Mário de Sousa, destacando a dimensão humana dos sacerdotes, lembrou que é nestes momentos que os cristãos são “chamados a acreditar e fortalecer a fé, razão de ser da sua esperança”. “Às vezes, mesmo quando não entendemos muito bem, é sobretudo nesses momentos, – como Nossa Senhora e todos os outros ao longo da História da Salvação –, que somos chamados a acreditar”, frisou.

“Não me ordenei para uma paróquia, mas para a nossa Igreja do Algarve. Humanamente não vos vou dizer que estou aos «pulos de alegria» porque não sou mentiroso, mas venho com muita confiança. Peço a ajuda de Deus para entregar tudo aquilo que sou ao vosso serviço, para gastar a minha vida ao serviço do Evangelho nesta Igreja. Peço que me ajudeis, não a ser um bom pároco, mas a ser um bom cristão”, afirmou na sua tomada de posse como pároco da matriz de Portimão ontem à tarde.

Também o cónego José Pedro Martins, que é igualmente o novo reitor do Seminário diocesano, reconheceu que “à surpresa da proposta se impôs uma natural resistência”, mas lembrou a coerência de decidir não de acordo com a “vontade de carne”, mas com o “dom da graça divina”. “Uma paróquia visibiliza no seu espaço o desígnio do amor de Deus manifestado em Cristo Salvador. Imagem de salvos em Cristo há-de ser pois o retrato da paróquia que quero convosco apresentar a todos os que vivem nesta área e a todos que connosco se venham a cruzar”, projectou o novo pároco da Sé de Faro no último sábado à tarde, adiantando ir contar com a colaboração do padre Pedro Manuel, do seminarista Eurico Caetano e do Cabido Catedralício de que faz parte.

O padre António de Freitas projectou o seu ministério “à imagem e semelhança do cuidado de Jesus Cristo com o seu povo” e desejou estar no meio dos louletanos “como aquele que serve” para ser imagem de Cristo. “Tendes aqui um pastor, um irmão e um amigo que quer ir ao encontro de todos. Disponham, procurem, peçam, batam à porta sempre que quiserem e precisarem”, afirmou visivelmente emocionado, deixando um desafio ao Bispo do Algarve: “Visite-nos! Visite estes seus padres e estes seus fiéis, estas suas comunidades. Venha sempre que queira e não precisa de avisar”.

As tomadas de posse ocorreram logo no início das Eucaristias com a leitura das provisões das nomeações, onde se explicou o espírito que deve animar os párocos empossados, assim como a forma como estes devem ser acolhidos e acompanhados pelos novos paroquianos, seguindo-se os juramentos de amor à Igreja e de comunhão com aqueles que estão à frente da Igreja, feito pelos novos párocos. Foi ainda feita a entrega simbólica das chaves das igrejas (com excepção de Loulé por não ter havido substituição do pároco) e lidas e assinadas as actas dos autos de posse. Depois das homilias, os párocos empossados realizaram ainda a renovação das promessas sacerdotais em comunhão com o Bispo e com todo o presbitério.

Fonte: Folha do Domingo

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